No epicentro de um dos julgamentos mais polarizadores do Brasil, a “caderneta do golpe” se tornou o elo central de um debate acirrado e polêmico. O advogado Matheus Milanez, que defende o general Augusto Heleno, abala as estruturas ao contestar o valor probatório desse caderno apreendido pela Polícia Federal. Ele afirma que as páginas foram manipuladas, criando uma narrativa em defesa de ações antidemocráticas que têm como pano de fundo um clima de incerteza política e econômica.
Milanez não poupa palavras e, em suas declarações, reforça que as anotações contidas na caderneta se resumem a notas pessoais — sem relação direta com qualquer esquema de golpe de Estado. Mas por que essa alegação tem tanta relevância? Num cenário onde a confiança nas instituições é abalada, cada detalhe conta.
A narrativa construída pela defesa de Heleno destaca um afastamento progressivo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Milanez argui que se algo ilícito ocorreu, o general não fez parte, não sabia e não esteve envolvido de forma alguma. Ao enfatizar esse distanciamento, a defesa busca dissipar quaisquer conexões que poderiam prejudicar sua posição.
“Estamos focados em demonstrar que, se houve algo, Heleno não teve participação. A defesa se fortaleceu com testemunhos que corroboram essa linha de raciocínio”, afirma Milanez, apontando provas e detalhando as minúcias do relacionamento entre Heleno e Bolsonaro.
Mas o que realmente se esconde nas páginas dessa caderneta? Milanez revela que ela contém anotações classificada como pessoais — desde lembretes a senhas. Há pouco, e o que é mais importante: não há menção clara de envolvimento em um golpe. As provas que o Ministério Público busca apresentar parecem, segundo a defesa, descontextualizadas.
"Dois dias antes do interrogatório, recebemos a pasta da 'Operação Tempos Veritatis', e aí estava a caderneta. A agenda contém anotações que nada têm a ver com um plano de golpe", destaca Milanez, desafiando a interpretação da acusação, que vê uma 'manual golpista' nas anotações.
Com a crescente tensão em torno do processo, a pergunta que não se cala é: qual será o papel da Justiça nessa disputa? O Procurador-Geral da República (PGR) busca novos elementos para os ataques, mas Milanez acredita que as provas têm sido mal interpretadas e distorcidas, o que pode afetar a confiança na credibilidade do sistema.
As consequências do que estamos acompanhando vão além de um mero julgamento. Refletem a fragilidade de nossas instituições e a necessidade urgente de reestabelecer a confiança pública. As decisões tomadas neste momento poderão ecoar nas esferas política e econômica por muito tempo.
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