Na última quarta-feira, a Target agitou os mercados ao anunciar que seu CEO, Brian Cornell, estaria deixando o cargo após 12 anos de liderança. Mas calma, ele não vai muito longe: em fevereiro, assumirá a função de presidente executivo, praticamente um papel de conselheiro. Pode parecer uma transição tranquila, mas as implicações dessa mudança são profundas e preocupantes, tanto para a empresa quanto para seus investidores.
A dualidade de ter dois líderes que compartilham funções executivas é uma prática crescente nas grandes corporações, mas não é isenta de desafios. A Disney, por exemplo, teve problemas com essa dinâmica sob a gestão de Robert A. Iger. Embora haja casos em que a continuidade traz resultados positivos, a história mostra que a presença do ex-CEO como presidente executivo pode, na verdade, atrasar mudanças críticas em empresas em dificuldades.
Um estudo recente revelou que quase 50% das empresas do S&P 500 que passaram por sucessões também optaram por nomear um presidente executivo a partir da transição. A tendência é clara: empresas que mantêm executivos antigos muitas vezes acabam estagnadas, com pouca mudança no desempenho.
Brian Cornell levou a Target a cifras impressionantes, com receitas de US$ 107 bilhões no último ano. Contudo, o desgaste na imagem da marca e as críticas por políticas de diversidade, somadas a um desempenho irregular em vendas, geraram um clima de desconfiança entre os investidores. As ações da Target despencaram mais de 6% após o anúncio da transição de liderança.
Michael Fiddelke, o novo CEO da Target, tem um longo histórico na empresa, mas isso é suficiente para injetar a inovação necessária em uma companhia que vem enfrentando dificuldades? Especialistas alertam que, sem mudanças significativas, os próximos anos podem ser de retrocesso ou estagnação, algo que o mercado não pode se dar ao luxo de aceitar.
A recepção à nova liderança não foi positiva. Muitos investidores prefeririam a contratação de um CEO externo, acreditando que uma nova visão era necessária para revitalizar a empresa. "Parece uma recompensa pelo fracasso", disse um analista, evidenciando a falta de confiança no novo arranjo.
Além disso, a falta de limites claros entre as funções de Cornell e Fiddelke pode acarretar problemas de governança. "A clareza de poder é fundamental para a eficácia de qualquer liderança", alertou um especialista. Em um cenário onde a confusão reinar, a Target pode encontrar obstáculos ainda maiores.
Fiddelke terá a missão monumental de reverter a tendência negativa. Ele precisará restabelecer a confiança no desempenho da varejista e responder a clientes e investidores que exigem mais do que promessas vazias. As tarifas, o desempenho das vendas e a percepção da marca são apenas alguns dos desafios que estão à sua frente.
Se a Target não se reposicionar e não implementar mudanças significativas, os anos seguintes poderão ser de pura estagnação. Os corretores e investidores estão de olho, esperando que o novo CEO mostre resultados palpáveis.
O papel de presidente executivo não é novo para a Target. Em 2008, Robert J. Ulrich seguiu o mesmo caminho de Cornell, mas seu mandato foi breve. A pergunta que permeia o mercado é: a Target aprenderá com os erros do passado, ou estará destinada a repetir a história?
Em suma, o movimento de Cornell para a presidência executiva e a promoção de Fiddelke como novo CEO podem ser um divisor de águas — para o bem ou para o mal. O tempo dirá se essa estratégia dará algum resultado positivo ou se será mais um capítulo de fracasso para a marca.
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