A contagem regressiva já começou! Com a nova legislação europeia contra o desmatamento, conhecida como EUDR, entrando em vigor em dezembro de 2026, o Brasil se vê diante de uma oportunidade histórica. Especialistas estão otimistas, afirmando que o país está em uma posição privilegiada para atender às exigências do bloco europeu. Mas será que estamos realmente prontos para essa transformação?
Daniela Mariuzzo, uma referência em sustentabilidade, destaca que o Brasil possui um histórico de décadas na implementação de protocolos de rastreabilidade. Já no início dos anos 2000, o país adotou medidas rigorosas após um incidente envolvendo um limão e uma aliança de noivado. Essa experiência amplia a confiança em várias cadeias produtivas brasileiras, que estão mais preparadas do que concorrentes globais para enfrentar as novas regras da EUDR.
A EUDR lista sete commodities — soja, carne, óleo de palma, cacau, café, borracha e madeira. O Brasil se destaca principalmente em três dessas categorias: café, soja e carne. O café, por exemplo, opera com rastreabilidade robusta e certificações admiradas mundialmente. Na soja, selos privados e certificações como a RTRS já garantem padrões de desmatamento zero há anos. E a pecuária? O Brasil possui um controle sanitário forte e registros eficazes, o que significa uma estrutura de monitoramento confiável.
A grande preocupação gira em torno do couro, cujas exportações para a Europa representam 80% da produção brasileira. A rastreabilidade do couro, entretanto, enfrenta barreiras significativas. A ausência de um controle sanitário adequado significa que o rastreamento pode ser interrompido nos frigoríficos. Sem investimento e decisões políticas para estender essa rastreabilidade, o couro pode ser o ponto fraco na relação do Brasil com o mercado europeu.
Tasso Azevedo, coordenador-geral da Rede MapBiomas, ressalta que a nova legislação apresenta mais oportunidades do que riscos para o Brasil. Considerando que apenas 3% das propriedades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) tiveram desmatamento após 2020, é evidente que a maioria dos produtores não será afetada por essa regulamentação. O Brasil, com seus sistemas robustos de monitoramento e dados confiáveis, está bem posicionado para se adaptar rapidamente.
Entretanto, a questão da coordenação se coloca como um desafio crucial. A União Europeia ainda está em negociações para reconhecer os sistemas nacionais de rastreamento de diferentes países. Apesar disso, é certo que terminarão adotando os mecanismos que já existem, e o Brasil já conta com uma estrutura mais avançada que seus concorrentes, especialmente os da América do Sul e da África.
A EUDR proíbe a importação de commodities e produtos cuja produção esteja associada a desmatamento ou degradação florestal ocorridos após 31 de dezembro de 2020. Isso significa que a rastreabilidade rigorosa da origem dos produtos, incluindo data e uso da terra, será não apenas um diferencial, mas uma necessidade.
Um aspecto interessante da legislação é que a fiscalização será direcionada ao importador, e não ao país de origem. Isso coloca pressão direta sobre as empresas brasileiras que desejam manter sua competitividade no mercado europeu, criando um cenário de urgência que deve ser encarado com estratégia e eficiência.
A nova EUDR está criando um novo paradigma de rastreabilidade e responsabilidade ambiental, e Brasil tem tudo para sair na frente. Mas a realidade é que o tempo está passando e a preparação deve ser intensa e imediata. Como os especialistas afirmam, com a estrutura que o Brasil já possui e as metas claras de sustentabilidade, o país pode não apenas atender, mas, sim, superar as expectativas.
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